Quem vai vencer a corrida para desenvolver um robô humanoide?
- Carrie King e Ben Morris
- BBC News

É uma manhã ensolarada de primavera em Hanover, na Alemanha, e estou a caminho de um encontro com um robô.
Fui convidado para ver o G1, um robô humanoide construído pela empresa chinesa Unitree, na Hannover Messe, uma das maiores feiras industriais do mundo.
Com cerca de 1,30 m de altura, o G1 é menor e mais acessível do que outros robôs humanoides do mercado e possui uma amplitude de movimento e destreza tão fluidas que vídeos dele realizando números de dança e artes marciais viralizaram.
Hoje, o G1 está sendo controlado remotamente por Pedro Zheng, gerente de vendas da Unitree. Ele explica que os clientes devem programar cada G1 para funções autônomas.
Transeuntes param e tentam ativamente interagir com o G1, o que não se pode dizer de muitas das outras máquinas exibidas na sala de conferências cavernosa.
Eles estendem a mão para cumprimentá-lo, fazem movimentos bruscos para ver se ele responde, riem quando o G1 acena ou se inclina para trás, pedem desculpas se esbarram nele. Há algo em seu formato humano que, por mais estranho que seja, tranquiliza as pessoas.

O robô G1 da startup chinesa Unitree vem encantando o público em feiras de negócios
A Unitree é apenas uma das dezenas de empresas ao redor do mundo que desenvolvem robôs com forma humana.
O potencial é enorme – para as empresas, promete uma força de trabalho que não precisa de férias ou aumentos salariais.
Também pode ser o eletrodoméstico definitivo. Afinal, quem não gostaria de uma máquina que lavasse roupa e enchesse a máquina de lavar louça?
Mas a tecnologia ainda está um pouco distante. Embora braços robóticos e robôs móveis sejam comuns em fábricas e armazéns há décadas, as condições nesses locais de trabalho podem ser controladas e os trabalhadores podem ser mantidos em segurança.
Introduzir um robô humanoide em um ambiente menos previsível, como um restaurante ou uma casa, é um problema muito mais difícil.
Para serem úteis, robôs humanoides teriam que ser fortes, mas isso também os torna potencialmente perigosos – simplesmente cair na hora errada pode ser perigoso.
Muito trabalho precisa ser feito na inteligência artificial (IA) que controlaria tal máquina.
"A IA simplesmente ainda não atingiu o ponto de virada", disse um porta-voz da Unitree à BBC.
"A IA robótica atual considera a lógica e o raciocínio básicos – como para entender e concluir tarefas complexas de forma lógica – um desafio", disseram eles.
No momento, o G1 é comercializado para instituições de pesquisa e empresas de tecnologia, que podem usar o software de código aberto da Unitree para desenvolvimento.
Por enquanto, os empreendedores estão concentrando seus esforços em robôs humanoides para armazéns e fábricas.
O mais famoso desses empresários é Elon Musk. Sua montadora, a Tesla, está desenvolvendo um robô humanoide chamado Optimus.
Em janeiro, ele afirmou que "vários milhares" serão construídos este ano e espera que eles façam "coisas úteis" nas fábricas da Tesla.
Outras montadoras estão seguindo um caminho semelhante.
A BMW introduziu recentemente robôs humanoides em uma fábrica nos EUA. Enquanto isso, a montadora sul-coreana Hyundai encomendou dezenas de milhares de robôs da Boston Dynamics, a empresa de robôs que comprou em 2021.
Thomas Andersson, fundador da empresa de pesquisa STIQ, acompanha 49 empresas que desenvolvem robôs humanoides – aqueles com dois braços e pernas.
Se ampliarmos a definição para robôs com dois braços, mas que se impulsionam sobre rodas, ele analisa mais de 100 empresas.
Andersson acredita que as empresas chinesas provavelmente dominarão o mercado.
"A cadeia de suprimentos e todo o ecossistema de robótica na China são enormes, e é muito fácil aperfeiçoar desenvolvimentos e fazer P&D [pesquisa e desenvolvimento]", diz Andersson.
A Unitree demonstra essa vantagem: seu G1 é barato (para um robô), com um preço anunciado de US$ 16 mil (R$ 90,9 mil).
Além disso, Andersson ressalta que o investimento favorece os países asiáticos.
Em um relatório recente, a STIQ observa que quase 60% de todo o financiamento para robôs humanoides foi captado na Ásia, com os EUA atraindo a maior parte do restante.
As empresas chinesas têm o benefício adicional do apoio do governo nacional e local.
Por exemplo, em Xangai, há um centro de treinamento para robôs apoiado pelo Estado, onde dezenas de robôs humanoides estão aprendendo a realizar tarefas.

As empresas chinesas estão bem posicionadas para dominar o mercado de robôs humanoides
Então, como os fabricantes de robôs americanos e europeus podem competir com isso?
Bren Pierce, com sede em Bristol, fundou três empresas de robótica e a mais recente, a Kinisi, acaba de lançar o robô KR1.
Embora o robô tenha sido projetado e desenvolvido no Reino Unido, ele será fabricado na Ásia.
"O problema que você enfrenta como empresa europeia ou americana é que você tem que comprar todos esses subcomponentes da China para começar", diz Pierce.
"Então se torna estúpido comprar motores, comprar baterias, comprar resistores, transportá-los para o outro lado do mundo para montá-los, quando você poderia simplesmente juntá-los na fonte, que fica na Ásia."
Além de fabricar seus robôs na Ásia, Pierce está mantendo os custos baixos ao não optar pela forma humanoide completa.
Projetado para armazéns e fábricas, o KR1 não tem pernas.
"Todos esses lugares têm piso plano. Por que você iria querer o gasto adicional de um formato tão complexo... quando você pode simplesmente colocá-lo em uma base móvel?", ele pergunta.
Sempre que possível, seu KR1 é construído com componentes produzidos em série — as rodas são as mesmas que você encontraria em uma scooter elétrica.
"Minha filosofia é comprar o máximo de coisas possível prontas. Então, todos os nossos motores, baterias, computadores e câmeras são peças disponíveis comercialmente e produzidas em série", diz ele.
Assim como seus concorrentes na Unitree, Pierce diz que o verdadeiro "ingrediente secreto" é o software que permite que o robô trabalhe com humanos.
"Muitas empresas lançam robôs de alta tecnologia, mas aí você precisa de um doutorado em robótica para poder realmente instalá-los e usá-los", diz ele.
"O que estamos tentando projetar é um robô muito simples de usar, onde um trabalhador comum de armazém ou fábrica possa aprender a usá-lo em poucas horas", diz Pierce.
Ele afirma que o KR1 consegue executar uma tarefa após ser guiado por um humano 20 ou 30 vezes.
O KR1 será entregue a clientes-piloto para testes este ano.

Bren Pierce diz que o robô da Kinisi será fácil de treinar
Será que os robôs algum dia sairão das fábricas e chegarão às casas? Até mesmo o otimista Pierce diz que isso ainda está longe de acontecer.
"Meu sonho de longo prazo nos últimos 20 anos tem sido construir um robô que faça tudo", diz o empreendedor.
"Foi a isso que dediquei meu doutorado. Acho que esse é o objetivo final, mas é uma tarefa muito complicada", diz Pierce.
"Ainda acho que eles chegarão lá, mas isso levará pelo menos 10 a 15 anos."
Esta reportagem foi traduzida e revisada por nossos jornalistas utilizando o auxílio de IA na tradução, como parte de um projeto piloto.
Apple remove apps que 'tiram a roupa' de pessoas após investigação da BBC

Imagens feitas por IA mostram fotos de mulheres sendo "despidas" em anúncios de aplicativos
Article information
- Joe Tidy
- BBC World Service
A Apple removeu um grupo de aplicativos da App Store após uma investigação da BBC revelar que eles estavam sendo anunciados no TikTok como ferramentas para criar deepfakes de "remoção de roupas" sem consentimento.
Esses aplicativos, conhecidos como "nudify" ou de "remoção de roupas", usam inteligência artificial para apagar digitalmente as roupas de pessoas em fotos, gerando imagens ou vídeos nus ou parcialmente nus.
Nas páginas oficiais na App Store e nos sites dos desenvolvedores, os apps eram descritos como formas de "apimentar selfies".
Mas, nos anúncios pagos veiculados no TikTok, as empresas promoviam os aplicativos como meios de criar imagens sexualizadas de mulheres sem a permissão delas.
Alguns anúncios convidavam os usuários a baixar os apps para "ver as fotos mais quentes da sua paixão".
Outros diziam que os aplicativos "permitem tirar a roupa de qualquer pessoa".
Também havia propagandas que prometiam a capacidade de "colocar qualquer um de biquíni".
Não estamos revelando os nomes dos aplicativos para evitar dar visibilidade a eles — criar imagens sexualmente explícitas de alguém sem consentimento pode ser ilegal em diversos países, incluindo o Reino Unido.
Os chamados apps de "nudificação" têm se tornado um problema crescente no mundo, com escândalos de grande repercussão surgindo na Espanha, Coreia do Sul e Estados Unidos, especialmente envolvendo meninas em idade escolar.
Em alguns casos, sabe-se que vítimas foram chantageadas com imagens manipuladas por IA.
A arma secreta de Putin: a guerra submarina híbrida que a Rússia lançou contra Europa

Pouco depois do meio-dia, no dia do Natal de 2024, os funcionários da empresa finlandesa de eletricidade Fingrid notaram que o principal cabo submarino que liga a Finlândia à Estônia estava danificado, reduzindo significativamente o fornecimento de energia a este último país.
Naquela tarde, o gerente de operações da Fingrid, Arto Pahkin, foi citado pela emissora nacional da Finlândia como tendo dito: "Temos várias linhas de investigação, desde sabotagem até uma falha técnica, e nada foi descartado ainda. Pelo menos duas embarcações estavam se movendo perto do cabo no momento do incidente".
Horas depois, uma equipe da guarda costeira finlandesa abordou o navio russo Eagle S, e o conduziu para águas finlandesas. Acredita-se que ele tenha danificado deliberadamente o principal cabo de energia, o Estlink 2.
A União Europeia afirma que a embarcação, registrada nas Ilhas Cook, é, na verdade, parte da "frota fantasma" da Rússia. Suspeita-se que o antigo navio-tanque seja usado para transportar produtos petrolíferos russos embargados.
A polícia finlandesa acredita que o Eagle S pode ter arrastado sua âncora pelo leito marinho para causar o dano. Uma âncora foi supostamente recuperada ao longo da rota do Eagle S, a uma profundidade de até 80 metros, e fotos tiradas desde o incidente mostram o navio sem a âncora de bombordo. A polícia finlandesa disse ter identificado nove suspeitos na investigação criminal sobre os danos ao cabo.

A Estônia começou a realizar patrulhas navais para proteger um cabo submarino que fornece energia a partir da Finlândia, após a suposta sabotagem em dezembro passado
O dano ao cabo Estlink 2, que tem 170 quilômetros de comprimento, é o mais recente de uma série de incidentes em que cabos submarinos na região do Báltico foram danificados ou completamente rompidos desde a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia, há três anos.
Após o incidente com o Estlink 2, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) prometeu aumentar sua presença militar no Mar Báltico, enquanto a Estônia enviou um navio de patrulha para proteger seu cabo de energia submarino Estlink 1. A União Europeia afirmou que o dano ao cabo submarino foi a "última de uma série de ataques suspeitos à infraestrutura essencial".
Cerca de 600 cabos submarinos transportam eletricidade e informação pelos oceanos e mares ao redor do mundo. Chegando à costa em locais que, muitas vezes, são sigilosos, estes cerca de 1,4 milhão de quilômetros de cabos nos permitem estar conectados. A maioria se destina a transmitir dados, sendo responsáveis por quase todo o nosso tráfego global de internet.
Os analistas dizem que sempre há a possibilidade de danos acidentais ou erro humano, mas a frequência destes incidentes levanta a questão: quão expostos estão estes cabos submarinos à sabotagem?
Por que o Ocidente está preocupado?
Não é preciso nem dizer, mas as relações entre a Rússia e a maior parte da Europa Ocidental estão complicadas no momento.
A tensão é palpável há anos, após eventos que incluem a insurgência apoiada pelo Kremlin no leste da Ucrânia, e a ocupação e anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Em 2022, o Ocidente se uniu em repúdio quando 200 mil soldados russos invadiram a Ucrânia, desencadeando três anos de guerra, que deixaram cerca de um milhão de pessoas mortas ou feridas de ambos os lados.
A Otan acredita que a Rússia também está travando outra guerra, não declarada, a chamada "guerra híbrida", e que o alvo é a própria Europa Ocidental, com o objetivo de punir ou dissuadir as nações ocidentais de continuar seu apoio militar à Ucrânia.
A guerra híbrida acontece quando um Estado hostil realiza um ataque anônimo, e que pode ser negado, geralmente em circunstâncias altamente suspeitas. É suficiente para prejudicar o oponente, especialmente seus ativos de infraestrutura, mas não chega a ser considerado um ato de guerra.

A Otan acredita que a Rússia também está travando uma guerra não declarada, a chamada 'guerra híbrida'
"Os submarinos que descem a altas profundidades podem cortar cabos em profundidades que tornam os reparos extremamente difíceis", diz Sidharth Kaushal, pesquisador especializado em poder naval do think tank Royal United Services Institute (Rusi, na sigla em inglês), com sede em Londres.
"Eles também podem interceptar cabos submarinos sensíveis."
De acordo com Kaushal, em um conflito com a Otan, "os danos à infraestrutura no mar, além de infraestruturas em terra, seriam uma parte fundamental do esforço de guerra da Rússia, com o objetivo de minar gradualmente o apoio popular no Ocidente".
Negação plausível
Outros exemplos de ataques suspeitos de guerra híbrida são a série de pacotes de encomendas "incendiárias" transportadas por empresas de serviços de entrega no Reino Unido, na Alemanha e na Polônia no ano passado. Os investigadores poloneses afirmaram que os incidentes foram simulações para sabotagem de voos para os EUA e o Canadá.
A Rússia nega estar por trás de atos de sabotagem, mas suspeita-se que esteja envolvida em outros ataques a armazéns e redes ferroviárias em países membros da União Europeia, inclusive na Suécia e na República Tcheca.
Esses incidentes estão levando alguns governos ocidentais a concluir que existe a possibilidade de a agência de inteligência militar da Rússia ter embarcado em uma campanha sistemática de ataques anônimos e secretos contra os países que ajudam a Ucrânia.
A ameaça foi levada tão a sério que a Otan e a União Europeia criaram, em 2017, o Centro Europeu de Excelência para Combater Ameaças Híbridas, com sede em Helsinque, capital da Finlândia.
A pesquisadora Camino Kavanagh, do Departamento de Estudos de Guerra da Universidade King's College London, no Reino Unido, diz que os Estados podem ser atraídos para este tipo de guerra porque "há muitas possibilidades de negação plausível".
Atualmente, grande parte do foco de países como o Reino Unido está em "negar essa negação, a partir de uma perspectiva operacional". Para a infraestrutura submarina, isso exige uma sólida compreensão do que está acontecendo em suas próprias águas, para que seja possível identificar atividades suspeitas.
"Essa atividade na zona cinzenta é algo muito, muito difícil de responder. Mas acho que, dados os últimos incidentes, os Estados estão melhorando", avalia Kavanagh.
Quais são as capacidades submarinas da Rússia?
As Forças Armadas russas têm o que Kaushal chama de "uma estrutura bastante hierarquizada".
Em águas mais rasas, ele afirma que a responsabilidade tende a recair sobre a Spetsnaz (Forças Especiais), a GRU (inteligência militar) e a Marinha russa.
Mas, em águas profundas, a tarefa de coletar informações de inteligência e realizar operações de sabotagem cabe principalmente à Diretoria de Pesquisa Submarina (Gugi, na sigla em russo), que responde diretamente ao Ministério da Defesa e ao próprio presidente Putin.

O rompimento de um cabo submarino na Finlândia provocou a ameaça de sanções da União Europeia contra a 'frota fantasma da Rússia'
A Gugi, diz Kaushal, usa navios na superfície para vigilância e coleta de informações, como mapear a localização de parques eólicos offshore ou os pontos em que os cabos chegam à costa.
Mas para operações submarinas, ele diz que eles usam "navios-mãe", na forma de antigos submarinos com mísseis balísticos nucleares e mísseis de cruzeiro, como o Belgorod.
"Os russos possuem uma ampla variedade de recursos, incluindo submarinos com casco de titânio, que podem operar em profundidades de milhares de metros, e que são equipados com braços para manipular objetos", acrescenta Kaushal.
Essas embarcações são operadas por uma tripulação de três pessoas, que costumam ser ex-oficiais da Marinha altamente experientes, que passam por um treinamento tão rigoroso quanto o dos cosmonautas.
Em profundidades como essas, é extremamente desafiador, até mesmo para a Marinha dos EUA, saber exatamente o que está sendo colocado no leito marinho ou o que esses submersíveis de águas profundas estão fazendo.
Em última análise, a possível sabotagem dos cabos deve ser vista "não apenas como um fenômeno isolado", mas como parte do "programa muito mais holístico da Rússia de visar infraestruturas de comunicação e infraestruturas essenciais em geral", afirma Keir Giles, especialista em Rússia do think tank britânico Chatham House e autor do livro Who Will Defend Europe? ("Quem vai defender a Europa?", em tradução livre).
O foco da Rússia nos cabos submarinos e nas telecomunicações é "parte de seu programa para garantir a superioridade da informação — o que também pode significar restrição à informação". Isso porque, se eles quiserem isolar comunidades em uma determinada parte do mundo, para que só recebam informações provenientes da Rússia, "isso é visto como um objetivo muito importante, porque foi fundamental na tomada da Crimeia".
De olho na infraestrutura

Em novembro, o secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, acusou o navio de vigilância russo Yantar de 'vagar sobre a infraestrutura submarina crítica' do país
Certamente, as autoridades da Finlândia não estão sozinhas em suas suspeitas em relação à Rússia e sua interferência na infraestrutura de cabos submarinos.
Em novembro de 2024, o navio de vigilância russo Yantar foi visto "vagando sobre a infraestrutura submarina crítica do Reino Unido", de acordo com o secretário de Defesa britânico, John Healey.
Em janeiro de 2025, isso aparentemente aconteceu de novo, quando a Marinha britânica monitorava o Yantar, que, segundo o Ministério da Defesa, estava sendo usado "para coletar informações de inteligência e mapear a infraestrutura submarina do Reino Unido".
Healey descreveu o incidente como "outro exemplo da crescente agressão russa".
O Reino Unido tem cerca de 60 cabos submarinos que chegam à costa em vários pontos ao longo do seu litoral, concentrados especificamente no leste e sudoeste da ilha.

'Os submarinos que descem a altas profundidades podem cortar os cabos em profundidades que tornam os reparos extremamente difíceis', diz Kaushal
Se houvesse um ataque de qualquer escala à infraestrutura submarina do Reino Unido, ele provavelmente seria acompanhado por outros problemas nos sistemas do país, diz Giles.
A Embaixada da Rússia em Londres descreveu as alegações do Reino Unido em relação ao Yantar como "completamente infundadas".
E alegou que houve "um aumento da histeria anti-Rússia", que estava sendo usada pelo Reino Unido e seus aliados "para deliberadamente acirrar as tensões nas regiões do Báltico e do Mar do Norte".
Confiança ingênua
Neste ano, o Comitê Conjunto sobre a Estratégia de Segurança Nacional do Reino Unido, que analisa as estruturas para a tomada de decisões governamentais sobre segurança nacional, lançou uma investigação sobre a vulnerabilidade do país a ataques a cabos submarinos.
"Os russos provavelmente já colocaram seus drones submarinos no fundo do mar, à espera de ordens que podem ou não vir, para realizar um ataque a cabos e dutos. O Yantar, seu navio de vigilância, vem fazendo sabe-se lá o que, no fundo do mar, há anos", diz Edward Lucas, especialista em Rússia.
Segundo ele, toda a rede global de cabos e dutos submarinos foi construída sobre uma base ingênua de confiança.
"Nunca pensamos que ela se tornaria alvo de um Estado hostil, mas agora estamos colhendo os frutos de décadas de complacência. Nossa única esperança é a dissuasão: mostrar aos russos que o custo de danificar nossa infraestrutura submarina seria doloroso demais para eles."
Kavanagh afirma, por sua vez, que o Reino Unido tem alguma resiliência incorporada em sua infraestrutura, porque "os reparos podem ser feitos muito, muito rapidamente".
Além disso, o design dos cabos submarinos foi baseado, pelo menos recentemente, na ideia de que "eles vão se romper em algum momento, então é preciso estar preparado".
Giles descreve como "muito tardia" a resposta dos países ocidentais ao reconhecerem o desafio. Mas diz que o corte de cabos individuais não teria hoje o mesmo impacto que teria quando a Rússia começou a pensar em fazer isso.
Isso acontece porque ter vários cabos que conectam os mesmos países usando rotas variadas, e garantir que o ecossistema de reparo seja resiliente, agora fazem parte do design, explica Kavanagh.
"Na verdade, é um grande alívio ver que muitos países estão agora concentrados em compreender suas próprias vulnerabilidades em termos de resiliência, trabalhando cada vez mais de perto com o setor."

Os movimentos do navio russo Yantar foram monitorados pela Marinha britânica
Um sinal de alerta
Embora a Rússia negue qualquer envolvimento, estes incidentes serviram como um alerta para os governos europeus de que esses cabos vitais estão desprotegidos, mesmo que seja fisicamente impossível proteger todos, em todas as profundidades.
"A ameaça sempre existiu. Só que, no contexto atual, os agentes da ameaça se sentem mais encorajados a realmente testar, explorar e ver o que funciona", explica Giles.
A guerra híbrida também serve como um exercício de aprendizado para a Rússia: "Eles veem qual é o impacto, também veem qual é a resposta do país alvo, a capacidade de investigar, processar, etc."
A longo prazo, a capacidade que a Rússia possui de operar no fundo do mar dá a opção, no caso quase impensável de uma guerra, de causar danos muito graves às economias da Europa e à vida cotidiana de seus cidadãos.
"E não se trata apenas de cabos submarinos, mas de todas as outras maneiras pelas quais a Rússia pode chegar a afetar pessoas, mesmo estando a uma grande distância", acrescenta Giles.

A Embaixada da Rússia em Londres alegou que houve 'um aumento na histeria anti-Rússia'
"São os ataques de sabotagem por meio de procuração (intermediários). São os ataques cibernéticos. É um ransomware em massa. É a colocação de dispositivos incendiários em aviões. E, por fim, é o potencial de ataques com mísseis a milhares de quilômetros de distância, sem guerra declarada e sem aviso prévio, porque é assim que a Rússia opera."
A forma como o Ocidente lida com a ameaça de sabotagem de cabos submarinos é apenas uma das muitas frentes em que está tentando lidar com a Rússia de Vladimir Putin.
- Frank Gardner e Harriet Whitehead
- BBC News
Como funciona checagem de fake news no Facebook e Instagram — e o que vai mudar

A Meta anunciou que está abandonando o uso de checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram, substituindo-os por "notas da comunidade", em um modelo semelhante ao do X, em que comentários sobre a precisão do conteúdo das postagens são deixados a cargo dos próprios usuários.
O anúncio despertou críticas de ativistas contra o discurso de ódio na internet, que dizem que o ambiente online ficará menos seguro com a mudança. Já outros elogiaram o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, por colocar fim à "censura" no Facebook e Instagram.
A decisão da Meta vale apenas nos Estados Unidos. A empresa ainda não anunciou nenhuma mudança na checagem de fake news em outros países, como o Brasil, mas avisou que isso vai acontecer no futuro.
Mas como funciona exatamente a checagem independente de fake news no Facebook e Instagram hoje?
Quem faz a checagem de dados do Facebook e Instagram?
A checagem de fake news em postagens não é feita por uma equipe da Meta. Ela é feita por agências credenciadas junto à Rede Internacional de Verificação de Fatos (em inglês, International Fact-Checking Network — ou IFCN), uma entidade não-partidária dedicada à checagem de fake news.
"Não achamos que uma empresa privada como a Meta deva decidir o que é verdadeiro ou falso, e é exatamente por isso que temos uma rede global de parceiros de verificação de fatos que revisam e classificam de forma independente potenciais desinformações no Facebook, Instagram e WhatsApp", diz um post de junho de 2021 do blog da Meta que explica como funciona o sistema.
"O trabalho deles nos permite agir e reduzir a disseminação de conteúdo problemático em nossos aplicativos", prossegue o texto.
A Rede Internacional de Verificação de Fatos (IFCN) foi criada pelo Instituto Poynter, uma organização sem fins lucrativos que diz ser dedicada à promoção do jornalismo imparcial e ético. A rede foi lançada em 2015 reunindo a comunidade de verificadores de fatos ao redor do mundo.
O Instituto Poynter é dono do jornal Tampa Bay Times, na Flórida, e concede prêmios a jornalistas americanos consagrados — como Tom Brokaw, Bob Woordward, Carl Bernstein, Anderson Cooper e Katie Couric.
Segundo a Meta, "todos os parceiros de verificação de fatos da Meta passam por um rigoroso processo de certificação com o IFCN".

Para ser um agente de verificação usado pela Meta, é preciso seguir critérios "como não partidarismo e equilíbrio, transparência de fontes, transparência de financiamento e organização, transparência de metodologia e política de correções aberta e honesta".
A aprovação é dada pelo IFCN. No Brasil, as agências certificadas pelo IFCN são a Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa e UOL Confere.
Nos EUA, há 13 agências certificadas: AP Fact Check, Check Your Fact, El Detector/Univision Noticias, FactCheck.org, Lead Stories, PolitiFact, Reuters, Snopes.com, T Verifica — Noticias Telemundo, The Dispatch, The Washington Post Fact Checker, USA Today e Wisconsin Watch.
Como funciona a checagem de fake news no Facebook e Instagram hoje?
A checagem acontece em três etapas:
1- Identificação de fake news: postagens com conteúdo potencialmente falso são identificadas por usuários e comunidades da Meta ou pelos próprios verificadores de fatos, que têm liberdade para isso. Inteligência artificial também é usada: máquinas identificam sinais como quais pessoas estão respondendo e quão rápido o conteúdo está se espalhando. A Meta redobra os esforços para identificação de conteúdo falso em grandes eventos como durante a pandemia, eleições, desastres naturais e conflitos.
2 - Revisão: os verificadores revisam e classificam a precisão das histórias por meio de relatórios, o que pode incluir entrevistas com fontes primárias, consulta de dados públicos e realização de análises de mídia, incluindo fotos e vídeos.
3- Ação: a Meta nunca remove nenhum conteúdo com base nessa checagem, nem bloqueia contas. Conteúdos só são removidos quando existe violação dos Padrões da Comunidade, que são as políticas de uso da plataforma e não têm ligação com o programa de verificação de fatos.
Os verificadores classificam fatos com falsos. Com base nisso, a Meta reduz significativamente a distribuição desse conteúdo para que menos pessoas o vejam. As pessoas que compartilharam esse conteúdo anteriormente ou tentam compartilhá-lo são notificadas de que a informação é falsa, e é colocado um rótulo de aviso com link para o relatório do verificador de fatos, refutando a alegação com o relatório original.
Como vai funcionar a checagem de fake news a partir de agora?
Mark Zuckerberg anunciou que vai encerrar o atual programa de verificação de fatos por agentes terceirizados nos Estados Unidos e vai a migrar para um programa de "notas da comunidade" — em que postagens com conteúdo falso são rotuladas com comentários feitos pela comunidade de usuários, e não por verificadores independentes terceirizados.
"Vimos essa abordagem funcionar no X, onde eles capacitam sua comunidade a decidir quando as postagens são potencialmente enganosas e precisam de mais contexto, e pessoas de diversas perspectivas decidem que tipo de contexto é útil para outros usuários verem", justificou a Meta.
"Assim como no X, as Notas da Comunidade exigirão acordo entre pessoas com diversas perspectivas para ajudar a evitar classificações tendenciosas. Pretendemos ser transparentes sobre como diferentes pontos de vista informam as notas exibidas em nossos aplicativos e estamos trabalhando na maneira certa de compartilhar essas informações."
O que a Meta alega para fazer a mudança?
Em julho de 2021, a Meta elogiava em seu blog os resultados do programa de checagem com verificadores terceirizados.
"Pesquisamos pessoas que viram essas telas de aviso [de postagem com conteúdo falso] na plataforma e descobrimos que 74% delas achavam que viam a quantidade certa ou estavam abertas a ver mais rótulos de informações falsas — com 63% das pessoas achando que eles eram aplicados de forma justa."
No entanto, nesta semana Mark Zuckerberg disse que o programa não está funcionando como proposto.
"A intenção do programa era que esses especialistas independentes dessem às pessoas mais informações sobre as coisas que elas veem online, particularmente boatos virais, para que pudessem julgar por si mesmas o que viam e liam", disse Joel Kaplan, chefe de Assuntos Globais da Meta, em postagem no blog da empresa.
"Não foi assim que as coisas aconteceram, especialmente nos Estados Unidos. Especialistas, como todos os outros, têm seus próprios preconceitos e perspectivas. Isso apareceu nas escolhas que alguns fizeram sobre quais fatos verificar e como."

"Com o tempo, acabamos com muito conteúdo sendo verificado que as pessoas entenderiam como discurso e debate político legítimos. Nosso sistema então anexou consequências reais na forma de rótulos intrusivos e distribuição reduzida. Um programa destinado a informar com muita frequência se tornou uma ferramenta para censurar."
Críticos de Zuckerberg, no entanto, dizem que a mudança foi feita para aproximar a Meta do governo de Donald Trump.
O que diz o parceiro de checagem sobre a mudança da Meta?
A decisão da Meta de abandonar o sistema de checagem foi criticada pelo Instituto Poynter, do IFCN, o parceiro responsável por indicar as agências terceirizada que hoje realizam a checagem de dados.
O Poynter publicou um artigo intitulado "Meta tentará verificação de fatos por crowdsourcing [colaboração coletiva]. Entenda por que isso não vai funcionar", escrito por Alex Mahadevan, que é diretor do projeto MediaWise, do Poynter, de alfabetização em mídia digital, que ensina pessoas de todas as idades a identificar informações falsas online.
"Eu não pensei que isso aconteceria tão cedo, mas os líderes da indústria de tecnologia estão de olho no sistema inovador e barato desde que o Twitter lançou o Birdwatch — agora o Community Notes do X — em 2021. Também tenho observado a plataforma e passei inúmeras horas vasculhando dados das Notas da Comunidade para determinar que a verificação de fatos de crowdsourcing, na forma proposta, não funciona", disse Mahadevan.
Ele lista três motivos.
1. O algoritmo usado para escolher quais "verificações de fatos" aparecem nas postagens requer concordância de "várias perspectivas". "Em um mundo hiperpolarizado, é quase impossível fazer com que dois lados concordem em qualquer coisa, muito menos em fatos que desmascarem a desinformação política", diz Mahadevan.
"No X, menos de 9% das notas propostas terminam com esse acordo. E muito, muito poucas delas abordam desinformação política e de saúde prejudicial. A escala prometida pela verificação de fatos de crowdsourcing é uma miragem.
2. Muitas Notas da Comunidade propostas e públicas ainda contêm desinformação, segundo o diretor da Poynter. "Minhas análises descobriram que os usuários são muito ruins em sinalizar postagens que são realmente verificáveis — em grande parte marcando opiniões ou previsões — e usam fontes tendenciosas, ou outras postagens X, para apoiar suas descobertas", diz.
3. O crowdsourcing como forma de checagem de fatos, embora promissor, ainda estaria em um estágio experimental.
"Uma análise que fiz com Alexios Mantzarlis, diretor da Security, Trust & Safety Initiative na Cornell Tech, mostrou que as Notas da Comunidade foram ineficazes no dia da eleição. É irresponsável lançar um produto como esse — 'nos próximos meses' — em plataformas tão grandes como o Facebook e o Instagram", afirma Mahadevan.
F - BBC News Brasil
A busca pelo relógio mais preciso para medir o tempo (e por que ele é tão importante)

Cientistas estudam uma maneira mais precisa de medir os segundos, o que pode revolucionar diversos processos, como a geolocalização por meio do GPS
Article information
- Vittorio Aita
- The Conversation*
. BBC News Brasil
O tempo é vital para o funcionamento da nossa vida cotidiana: desde os relógios digitais nos nossos pulsos até os sistemas GPS dos nossos celulares.
Os sistemas de comunicação e navegação, as redes elétricas e as transações financeiras dependem da precisão do tempo.
E os segundos são as unidades vitais para medir o tempo.
Surpreendentemente, ainda há um debate sobre a definição do segundo, mas os avanços recentes nas formas mais precisas de medir o tempo podem ter mudado as regras do jogo.
A precisão na medição do tempo sempre fez parte da evolução social da humanidade. No monumento neolítico de Newgrange, na Irlanda, uma abertura especial acima de uma entrada permite que a luz solar ilumine o corredor e a câmara nos dias mais curtos do ano, por volta de 21 de dezembro, no solstício de inverno do hemisfério norte.
Há cerca de 2.300 anos, Aristóteles disse que "a revolução da esfera mais externa dos céus" deveria ser a referência para medir o tempo.
O filósofo grego acreditava que o cosmos estava organizado em esferas concêntricas, com a Terra no centro.
Ampulhetas de água, que surgiram por volta de 2.000 a.C. estão entre os instrumentos mais antigos para medir o tempo. Elas fazem isso regulando o fluxo de água para dentro ou para fora de um recipiente.
O relógio mecânico surgiu no final do século 13.
Questão de definição
Até 1967, um segundo era definido como 1/86.400 de um dia, com 24 horas por dia, 60 minutos por hora e 60 segundos por minuto (24 x 60 x 60 = 86.400).
O Sistema Internacional de Unidades mudou as coisas e manteve esta definição:
O segundo… é definido tomando a… frequência de transição do átomo de césio-133, que é 9192631770 quando expressa na unidade Hz, que é igual a s⁻¹

Controlar o tempo era importante para o povo da Idade da Pedra que construiu Newgrange, na Irlanda
Se você está confuso, deixe-me explicar. O núcleo desta definição é algo chamado frequência de transição. Uma transição ocorre quando os elétrons em um átomo absorvem energia e passam para um nível de energia mais elevado, retornando a um estado relaxado após certo tempo.
É mais ou menos como beber uma xícara de café: de repente você tem mais energia, até que o efeito da cafeína passe. Frequência é o número esperado de vezes que uma transição ocorre durante um período específico de tempo.
Em cada segundo, uma transição específica de um elétron do césio-133 ocorre 9192631770 vezes. Este se tornou o critério para medir o tempo.
Até o momento, o césio fornece a definição mais precisa do segundo, mas pode ser melhorado com o uso de frequências mais altas.
Quanto maior a frequência de transição, menos um erro de leitura pode afetar a precisão geral. Se houvesse cinquenta transições por segundo, o preço em termos de precisão da contagem incorreta de uma delas seria cem vezes maior do que se houvesse 5.000.
Os desafios
Existem duas limitações para reduzir este erro: os desafios tecnológicos de medição de frequências, especialmente as mais altas, e a necessidade de encontrar um sistema (átomos de césio-133 para a segunda), com uma transição mensurável de alta frequência.
Para medir uma frequência desconhecida, os cientistas pegam um sinal de frequência conhecida (uma referência) e combinam-no com a frequência que desejam medir.
A diferença entre elas será um novo sinal com uma frequência pequena e fácil de medir: a frequência do batimento.

A precisão na medição do tempo tem sido fundamental na evolução social da humanidade
Os relógios atômicos usam essa técnica para medir a frequência de transição dos átomos com tanta precisão que se tornam padrões para definir o segundo.
Para alcançar tal precisão, os cientistas precisam de um sinal de referência confiável, obtido com algo chamado pente de frequência.
Um pente de frequência ou pente espectral usa lasers, emitidos em pulsos intermitentes. Esses raios contêm muitas ondas de luz diferentes, cujas frequências são igualmente espaçadas, como os dentes de um pente, daí o seu nome.
Nos relógios atômicos, um pente de frequência é usado para transferir energia para milhões de átomos simultaneamente, na esperança de que um dos dentes do pente pulse com a frequência de transição de um átomo.
Um pente de frequência cujos dentes são numerosos, finos e na faixa de frequência correta aumenta a probabilidade de isso acontecer. Portanto, eles são fundamentais para obter medições de alta precisão de um sinal de referência.
Dos relógios atômicos aos relógios nucleares
Como vimos, o segundo é definido pelas transições de elétrons nos átomos de césio. As transições que ocorrem com uma frequência mais baixa são mais fáceis de medir. Mas aquelas que ocorrem com frequência mais alta ajudam a aumentar a precisão da medição.
As transições de césio ocorrem aproximadamente na mesma frequência do espectro eletromagnético das microondas.
Essas frequências de microondas são mais baixas que as da luz visível. Mas em setembro de 2021, os cientistas fizeram medições utilizando o elemento estrôncio, cuja frequência de transição é superior à do césio e está dentro da faixa da luz visível.

O relógio atômico de césio fabricado pelo Laboratório Nacional de Física (NPL) em Teddington, Middlesex em 1955
Isso abre a possibilidade de redefinir o segundo até 2030.
Em setembro de 2024, cientistas americanos fizeram avanços importantes na construção de um relógio nuclear, um passo adiante de um relógio atômico.
Ao contrário do relógio atômico, a transição medida por este novo dispositivo ocorre no núcleo do átomo (daí o nome), conferindo-lhe uma frequência ainda mais elevada.
O átomo de tório-229, utilizado para este estudo, oferece uma transição nuclear que pode ser estimulada pela luz ultravioleta. A equipe que trabalha no relógio nuclear superou o desafio tecnológico de construir um pente que opera na faixa de frequência relativamente alta da luz ultravioleta.
Este foi um grande passo porque as transições nucleares normalmente só se tornam visíveis em frequências muito mais altas, como as da radiação gama. Mas ainda não conseguimos medir com precisão as transições na faixa gama.
O que virá
A transição do átomo de tório tem uma frequência aproximadamente um milhão de vezes maior que a do átomo de césio.
Isso significa que, embora tenha sido medido com uma precisão inferior à do atual relógio de estrôncio de última geração, promete uma nova geração de relógios com definições de segundos muito mais precisas.
Medir o tempo até a décima nona casa decimal, como faziam os relógios nucleares, permitiria aos cientistas estudar processos muito rápidos.
Vamos pensar em dois corredores empatados em uma corrida com definição fotográfica. Se o cronômetro do árbitro tivesse alguns dígitos extras, eles poderiam identificar o vencedor sem a necessidade do recurso visual.
Da mesma forma, a relatividade geral é usada para estudar processos de alta velocidade que poderiam levar a sobreposições com a mecânica quântica. Um relógio nuclear nos proporcionará a tecnologia necessária para provar essas teorias.
A nível tecnológico, sistemas de posicionamento precisos, como o GPS, baseiam-se em cálculos complexos que requerem medições precisas do tempo que leva para um sinal sair de um dispositivo para um satélite e para outro dispositivo.
Uma melhor definição do segundo se traduzirá em um GPS muito mais preciso. O tempo do segundo de césio pode ter acabado, mas, para além dele, um mundo totalmente novo nos espera.
*Vittorio Aita é pesquisador associado do departamento de Física do King's College, em Londres.
Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original (em inglês).
Evolução dos computadores:
A evolução dos computadores é um processo que teve início no século XVII, com o surgimento da primeira calculadora, e dura até os dias de hoje. Estando sempre em atualização.
A história dos computadores costuma ser divida em quatro gerações. Abordando a criação das primeiras calculadoras mecânicas até o uso em massa dos computadores pessoais, comuns na atualidade.
Primeira geração
A primeira geração de computadores surgiu entre a década de 1940 e o final dos anos cinquenta, era composta por máquinas grandes e pesadas. Tratavam-se de calculadoras gigantes que conseguiam realizar cálculos em cerca de 5 segundos.
Os computadores da primeira geração usavam válvulas eletrônicas, diferente das calculadoras anteriores que usavam elementos mecânicos ou eletromecânicos.
O computador mais famoso da primeira geração foi o ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator), de 1943. O ENIAC conseguia realizar em 30 segundos cálculos que antes demoravam 12 horas. Pesava 30 toneladas e foi criado para calcular trajetórias táticas durante a II Guerra Mundial, porém só ficou operacional após o fim da guerra.
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